Fórum da quinzena: Mês da Juventude

Remonta a 28 de Março de 1947, o dia que deu origem a que nesta data se comemore o Dia Mundial da Juventude.
Há 62 anos jovens de vários pontos do Mundo juntavam-se em iniciativas de luta pela Paz e assim aconteceu também em Portugal. Numa iniciativa organizada pelo MUD Juvenil ( Movimento de Unidade Democrática Juvenil), jovens portugueses promoveram um acampamento em Bela Mandil (Olhão) para comemorar a semana da juventude.
Em plena ditadura fascista a iniciativa foi prontamente reprimida pela PIDE que prendeu vários jovens, entre os quais se incluíam dirigentes nacionais dessa organização anti-fascista. Seguiram-se fortes protestos juvenis exigindo a libertação imediata dos jovens detidos. A pressão juvenil e popular que se seguiu obrigou o poder a recuar e viu-se obrigado a libertar os jovens detidos.
A Assembleia-Geral das Nações Unidas em 17 de Dezembro de 1999, na sua Resolução nº54/120, endossou a recomendação feita pela Conferência Mundial de Ministros Responsáveis pela Juventude (Lisboa 8-12 de Agosto de 1998) que, declarou o dia 12 de Agosto como o Dia Internacional da Juventude, tendo incentivado que se organizassem actividades públicas informativas, no sentido de apoiar este Dia, para melhor promover o conhecimento do Programa Mundial da Acção para a Juventude no ano 2000 e vindouros, adoptado pela Assembleia-Geral em 1995.Uma questão que não tem sido pacifica, á qual não é alheio o simbolismo que se quer atribuir ao dia e suas comemorações, por isso algumas autarquias e intituições no País marcam o dia 12 de Agosto com um conjunto de descontos, beneces e algumas iniciativas para a Juventude. Enquanto que para os sectores da esquerda têm preferido afirmar o Dia da 28 de Março como dia da Juventude, associado à luta pela liberdade, democracia e irreverência da Juventude.
Outra data marcante em Março é o dia do Estudante, decretado em 1987 pela Assembleia da República Portuguesa, o Dia 24 de Março como o Dia do Estudante.
Este reporta à luta estudantil quando no dia 25 de Novembro de 1961 se realizou uma manifestação contra a guerra colonial, onde participaram milhares de estudantes. Nesta manifestação vários estudantes foram presos.
Em contraposição, em 1962 é realizado em Coimbra o primeiro Encontro de Associações de Estudantes, no qual se aprova o dia 24 de Março, como dia de luta e comemoração para os Estudantes.
Também nesse ano, em Lisboa, os estudantes se concentram dentro da cantina da Cidade Universitária, como forma de protesto contra a repressão e exigindo a libertação dos estudantes presos. O governo da ditadura reage com o envio da polícia para reprimir a acção e são vários os estudantes espancados e presos. Em resposta a esta ofensiva declara-se luto académico e greve às aulas. Era na ocasião Ministro da Educação, o historiador José Hermano Saraiva e Marcelo Caetano Ministro do Interior, governava Salazar.
Da memória das lutas estudantis e da Juventude, hoje já pouco se fala, mas a maioria das autarquias adoptaram o mês de Março como mês dedicado á Juventude e com maior ou menor dimensão se organizam em Março, semanas da Juventude, Quinzenas da Juventude, ou Março Jovem, como é o caso do Seixal.
Deixe a sua opinião sobre a situação actual da Juventude em Portugal e no Mundo.

“Era mais fácil a Igreja Católica mandar fechar o Santuário de Fátima do que o Capital fechar os off shores”


Afirmou Jerónimo de Sousa no Seixal para referir que o capitalismo está em crise mas não está agonizante, apelando por isso á mobilização dos comunistas para um ano de lutas particularmente exigente. O Secretário Geral do PCP falou para um auditório de mais de mil pessoas que se reuniu no passado domingo, na Quinta da Valenciana, em Fernão Ferro, no almoço convívio dos 88 anos do PCP.

A sala grande da Quinta da Valenciana tornara-se insuficiente e á ultima hora tiveram que montar mais mesas, para albergar todos os participantes no almoço comemorativo do aniversário do PCP. O evento realizou-se mais uma vez no Seixal, com a presença do secretário geral do partido, entre militantes, simpatizantes, dirigentes sindicais, autarcas e funcionários das autarquias.
Abriu o período de intervenções Laura Laurentino da JCP que referiu o papel do partido na sua história social e referiu a mobilização da JCP na defesa dos problemas da Juventude, com várias acções já agendadas para este mês com destaque para o dia 2o Março Dia Nacional da Juventude.
Carlos Fernandes em nome da organização concelhia do PCP, referiu o papel de protagonismo do partido no combate á politica do Governo, nomeadamente a “ofensiva contra os direitos dos trabalhadores, os despedimentos e o pacote laboral” salientando o processo de algumas empresas onde o confronto de forças tem levado a uma crescente mobilização dos trabalhadores e ao aumento da sindicalização nestas empresas. Apelando à mobilização dos militantes do partido, na jornada de luta agendada pela CGTP, já na próxima semana, dia 13 de Março. Assim como ao reforço do partido, porque “sim sim é possível uma vida melhor”, prefraseando o slogan de Obama na campanha americana, que também pelo PCP adoptou na campanha nacional contra a politica do governo.

Seixal preocupado com a violência doméstica
Alfredo Monteiro, presidente da Câmara Municipal do Seixal e que nesta semana foi reeleito candidato da CDU pela estrutura concelhia do PCP, (como se anuncia noutra peça desta edição) referiu que é com orgulho que assume mais uma vez a responsabilidade que lhe é confiada pelo partido, “um partido fiel desde a sua fundação à classe operária”, “um partido que nunca desistiu e nunca desistirá”. Referindo-se efeméride do Dia Internacional da Mulher, comemorado neste dia, salientou o problema que ainda é para muitas mulheres o flagelo da violência doméstica e anunciou que a Câmara do Seixal acaba de criar em parceria com a cooperativa “Pelo Sonho é que Vamos” um Gabinete de Apoio à Vitima, neste concelho.
Jerónimo de Sousa felicitou os presentes neste almoço que segundo referiu testemunha o crescimento da mobilização do PCP na sociedade portuguesa, como reflexo do papel que tem tido o governo nas ofensivas contra os trabalhadores. Referiu depois o ano politico que se aproxima o qual com três processos eleitorais e uma difícil conjuntura económica e social, vai requerer uma particular mobilização de todas as estruturas do partido, da sua capacidade de intervenção social e na mobilização eleitoral da CDU. Salientando a oportunidade dos actos eleitorais para através da expressão pelo voto “os portugueses contestarem a politica de direita”. Com um recado ao Bloco de Esquerda e a Manuel Alegre disse que “andam para aí muito preocupados com uma convergência de esquerda, mas haverá maior convergência de esquerda que a mobilização em torno da CDU?, onde se mobilizam milhares e milhares de portugueses para além do PCP”.
Fez também uma referência ao congresso do PS, onde acusou José Sócrates de se vitimizar e apelar á maioria em nome da estabilidade, dizendo que “os trabalhadores já viram bem, o que significa a estabilidade do PS e de José Sócrates”, onde “confundem a estabilidade deles próprios com a estabilidade do País”.

Lucros da EDP escandalizam
O Secretário geral do PCP disse que os trabalhadores estão numa encruzilhada, mas que mais do que nunca se provou que o capitalismo não é solução e que o socialismo é como sempre foi o caminho que aponta para uma vida melhor para Portugal e para o Mundo, reforçando por isso a importância da coerência do PCP no seu projecto de sociedade.
Apelou ainda aos comunistas que não se iludam porque “o capitalismo está em crise mas não está agonizante”, porque “a riqueza que o Mundo produz não desapareceu de repente, continuam a fluir para os cofres do capital financeiro, aumentando a concentração capitalista”, questionando se é ou não verdade que perante uma crise tão agravada, assistimos à divulgação dos lucros da GALP, da Jerónimo Martins e em especial da EDP, com largos e largos milhões à custa de todos os cidadãos que têm de pagar a factura da luz e das empresas que não conseguem sobreviver tendo em conta o crescimento destes custos.
Denunciou como um embuste a propaganda que se anuncia de combate aos off shores, sem tocar no essencial, que é a sua existência, dizendo que “era mais fácil à Igreja Católica mandar fechar o Santuário de Fátima do que o Capital fechar os off shores”. Porque “o capitalismo é isso mesmo, é apenas uma ilusão”.
A propósito do desemprego apontou o dedo aos atedors do Bloco de Esquerda que dizem que “empresas com lucros não podem despedir”, questionando o secretário-geral do PCP “então e as outras?”, dizendo que “para nós comunistas nunca foi critério o lucro para poder despedir”

O Seixal como referência nacional dos comunistas
Em exclusivo ao Jornal do Seixal, Jerónimo de Sousa disse que celebrar os 88 anos do PCP nesta altura representa “uma grande responsabilidade e também uma grande confiança, porque estamos num momento muito grave da vida nacional, com a crise a atingir, não apenas o sector financeiro mas toda a economia, com consequências sociais ainda imprevisíveis”, a qual exige do PCP que se apresente como “um partido de luta mas também como um partido de projectos e de propostas”. Testemunhando que “a nossa identidade com os problemas do País é a chave da nossa longevidade e a chave da nossa força”. Referindo-se ao Seixal disse que “tal como nos outros 31 municípios onde a CDU governa é um espelho da força do partido, onde a expressão do resultado autárquico é muito acima da expressão eleitoral da CDU nos outros actos eleitorais, designadamente para a Assembleia da República e creio que o anúncio do meu camarada Alfredo Monteiro, tendo em conta o trabalho realizado, o Seixal continua a ser uma grande referência para o nosso partido, em todo o País”. Questionado sobre a crise do capitalismo e a necessidade ou não de um novo paradigma, Jerónimo de Sousa disse que “a crise não é meramente conjuntural, ela é sistémica e tendo em conta que está provado que o capitalismo não é solução para a humanidade, há necessidade não de um novo paradigma, mas de uma solução alternativa e a alternativa é só o socialismo, bem podem procurar soluções mais ou menos social-democratizantes, a questão de fundo que se coloca tem a ver com a natureza do capitalismo, não é reciclável, não é civilizável”…”Estão criadas as condições para trazer à actualidade a teoria revolucionária assente numa visão de Marx e de Lenin”.- Apesar dos constrangimentos verificados nas economias de Leste? “de qualquer forma esse balanço ainda está por fazer, sobre qual é a situação que hoje se vive no leste, com as economias de corda na garganta, resultante das politicas neo-liberais com as privatizações, o desbaratamento das funções sociais do Estado etc”. “Por isso estou convencido que não é como caminhar na avenida, mas o Socialismo é essa alternativa”

Jorge Henriques Santos